como ser eu mesma quando não sei quem eu sou?
A vida é apenas uma crise de identidade após a outra
Por incrível que pareça, eu não desisti de escrever, era apenas um bloqueio criativo!
Eu acho que tinha uns 10 anos quando olhei em um espelho e pela primeira vez não senti conexão com a imagem que olhava de volta para mim. Hoje, de alguma forma eu me acostumei com a sensação, é como assistir um filme. Minha psiquiatra chama de despersonalização, já eu me pergunto até que ponto isso é um sintoma, e em qual momento se torna uma falha na construção da minha própria identidade.
“Me fale um pouco sobre você”, sempre foi meu pior pesadelo, e no processo de tentar explicar para os outros quem eu sou, acabo percebendo que eu mesma não faço a mínima ideia. Dizem que a construção da identidade acontece durante toda a vida, um conjunto de experiências, valores, crenças e características. Analisando todos esses fatores em mim mesma, ainda não tenho uma resposta.
Dito isso, vai ser meio que inevitável citar Taylor Swift. Quando ela escreveu sobre ser um globo de espelhos, com o poder de refletir todas as versões daqueles ao seu redor, e a capacidade de se moldar completamente para se encaixar, eu me perguntei se ela estava escondida dentro do meu armário me observando. Acho que passei tanto tempo tentando ser a pessoa ideal para cada um que eu amo, que perdi a janela temporal para entender minha própria essência.
Mas eu sei que ela existe, consigo ver um pouco quando penso em como musicais me deixam alegre, em como eu gosto da cor vermelho-escuro, e na forma que apesar de amar o pôr do sol, eu sei que meu céu favorito é aquele com o tom de azul profundo no início da noite. Eu me escondi atrás de muitas fachadas no decorrer dos anos, talvez por sentir que era mais seguro e confortável assim, talvez porque me dava um senso de controle, não sei, e não sei se o motivo realmente importa.
Então, eu acho que somos quem somos por várias razões. E talvez nunca conheçamos a maior parte delas. Mas mesmo que não tenhamos o poder de escolher quem vamos ser, ainda podemos escolher aonde iremos a partir daqui. Ainda podemos fazer coisas. E podemos tentar ficar bem com elas.
Eu li “As vantagens de ser invisível” pela primeira vez com 18 anos, é inexplicável o impacto que esse livro teve em mim. Por mania, às vezes pego ele para olhar as marcações que fiz na época, esse trecho em específico me pega toda vez. Realmente nós não temos o poder de escolher quem vamos ser, isso porque não podemos controlar as coisas que acontecem com a gente, é como se as experiências formassem uma base feita de tijolos. No entanto, podemos fazer coisas, e essas coisas se empilham em cima do que já existe, e aqui entram os valores, as crenças, e as características.
Você pode usar aquela roupa diferente, dar flores para alguém, começar um passatempo novo, defender seu ponto de vista quando alguém fala algo absurdo. Podemos fazer coisas. E podemos tentar ficar bem com elas.
Esse texto é um pouco mais pessoal do que o normal, eu sei, mas espero que mesmo assim ele faça sentido para alguém :)
eu que me pergunto, você tá no meu armário? Sou totalmente assim, tento, tento e tento mais um pouco, mas nunca acho de vez, quem eu realmente sou. Tá, claro, eu sei do que gosto, mas nunca sei, realmente oq me define, qual estilo eu me encaixo, ou qual personalidade me define totalmente.